sábado, 21 de abril de 2012

O alfabeto árabe


O alfabeto árabe pertence, segundo a classificação de estudos recentes, ao grupo alfabético semítico onde as consoantes são destacadas e as vogais secundarizadas – a escrita ou não das vogais é opcional. Trata-se, particularmente, do grupo Norte Semita que se desenvolveu por volta de 1700 a.C. na Palestina e na Síria e de onde também se originaram os alfabetos Hebreu e Fenício. Na noroeste da Arábia, esta escrita prevaleceu (o mesmo conjunto alfabético seria apropriado pelos gregos que lhe introduziriam vogais e lhe especializaria até que tomasse a forma do Romano Arcaico, ancestral da escrita Ocidental de hoje) relacionando-se com a escrita Nabatica de onde deriva o Aramaico. Esta caligrafia floresceu no século V entre as tribos arábicas de Hirah e Anbar e popularizada pela aristocracia Quraysh, tribo do profeta Maomé.



Como as demais escritas semíticas, a escrita árabe é feita da direita para a esquerda e consiste em 17 caracteres que, combinados com a colocação de pontos, acima ou a baixo de cada um deles, originam as 28 letras do alfabeto oficial – há ainda outros símbolos correspondentes às vogais já que sua supressão tornou o entendimento confuso nos países para onde o idioma árabe se expandiu mas de origem linguística mais diversa. Um seguimento contínuo das ascendências verticais e descendência das curvas equilibram movimento e estática e possibilitam infinitas variações dentro dos seus
principais estilos: Deewani, Kufi, Naskh, Riqa, Taliq e Thuluth.

Uma arte...


A caligrafia árabe (ou islâmica) é um tipo de arte visual que é retratado na forma de escrita árabe derivada dos 28 traços do alfabeto Nabataean de tal forma que dá um sentido de criatividade e inspiração. Conforme o tempo passa, a caligrafia árabe tornou-se um avanço da arte da caligrafia no mundo. Os traços ganharam graça e beleza nas mãos de bem sucedidos calígrafos e eles têm impressionado o resto do mundo, apesar das diferenças em termos de raça e cultura.

No Islã, as letras e palavras faladas ou escritas adquirem em suas formas, tamanhos, música e cores o papel central na concretização das mensagens e princípios da religião e cultura árabes. Esse movimento pôde emergir porque, ao contrário de muitas religiões, desde seu início, os líderes muçulmanos desincentivaram o uso de imagens de figuras temendo que tivessem usos e fins idólatras. Desta feita, a caligrafia e os sinais gráficos da língua obtiveram lugar de destaque na convergência dos sentimentos visíveis e concretos das mensagens do Qur’an.

Os estilos...


Muitos estilos de escrita foram desenvolvidos tanto para o Al'Qur'an quanto para outros livros e inscrições arquitetônicas e decorativas. De fato, a caligrafia árabe se desenvolveu tanto que é até hoje considerada pelos árabes uma das mais nobres formas de arte. Hassan Massoudy é um dos grandes expoentes atuais.
Os dois estilos originais da escrita árabe foram o cúfico ou kufi e o nashki.
O estilo cúfico recebe este nome por ter sido utilizado primeiramente, em caráter oficial, na cidade de Kufa, na Mesopotâmia, região correspondente ao atual Iraque. Caracteriza-se por ser anguloso e rígido. Os primeiros examplares do Alcorão foram escritos com esta caligrafia, que se desenvolveu a partir da escrita siríaca. Também foi empregue nas inscrições que se encontram em vários monumentos.
O nashki é um estilo de escrita cursiva, com letras mais redondas e fluídas. Surgiu no século X, tendo substituído o estilo cúfico. Dois nomes associados ao seu desenvolvimento foram Ibn Muqlah e Ibn al-Bawwab. Foi igualmente empregue para cópias do Alcorão, bem como nas obras literárias.
Para além destes estilos desenvolveu-se também o estilo thuluth ou thulth ("um terço") que foi usado em inscrições de monumentos e nas cabeças dos capítulos do Alcorão. Dois outros estilos associados ao Alcorão foram o mohaqqaq e o rayhani.
No Magrebe do século X surgiu um estilo próprio chamado maghribi que se caracteriza pelas suas curvas e linhas delicadas. As letras eram escritas com tinta negra ou castanha e os sinais diacríticos com tintas verdes, amarelas e vermelhas. Este estilo atingiu o Al-Andalus, estando na base do desenvolvimento de um estilo local, o andaluzi.

A caligrafia árabe


A caligrafia árabe (em árabe, فن الخط fann al-jaṭṭ, "arte da linha"), também conhecida como caligrafia islâmica, é uma arte decorativa própria dos povos que utilizam o alfabeto árabe e suas variantes, na escrita, e por extensão, na confecção de livros. Como parte da cultura árabe, essa caligrafia foi utilizada por séculos na preservação do Alcorão. A história da tipologia/caligrafia conheceu um divisor de águas com o advento do Islam. Os mesopotámicos, os hebreus, os gregos, os romanos e os hindus haviam impulsionado as fronteiras da estética da palavra para graus razoáveis. Mas em todos estes casos a escrita era usada em suas capacidades adequadas, como símbolos fonéticos e lógicos, sendo rude e esteticamente desinteressante.
Depois que o Alfabeto árabe foi oficializado em 786 por Khalil ibn Ahmad al Farahidi, gradativamente o Islam transformou a palavra árabe em uma obra de arte visual. Isso porque qualquer tipo de representação realista foi proibida pela revelação trazida por Maomé. Assim, todo impulso criativo plástico do povo muçulmano foi focado no desenvolvimento artístico de sua caligrafia.
Desde a escrita cuneiforme, as letras eram destacadas umas das outras. O artista árabe juntou umas às outras, de modo que a partir de então o olho, num único vislumbre, poderia ler toda a palavra, ou frase. E muito antes da moderna tipografia ocidental, foram os árabes também que elastificaram suas letras a ponto de poder então, esticá-las, prolongá-las, contraí-las, incliná-las, estirá-las, endireitá-las, curvá-las, dividi-ls, engrosssá-las, estreitá-las, alargá-las em parte ou no todo, como lhe aprovesse.